O conceito de valor econômico não é uma idéia nova, tirada da cartola pelos sócios da Stern & Stewart que tiveram o bom senso de patenteá-la com o nome de EVA. Ele está nos livros clássicos de economia e todo administrador procura, mesmo que instintivamente, gerar um retomo superior ao custo de oportunidade do capital. O que a americana Stern & Stewart fez foi criar um sistema de gestão com base num cálculo aparentemente simples, que os economistas já conheciam como lucro residual, aquele ganho que sobra depois de descontado uma taxa mínima de retorno sobre o capital investido. O dinheiro de bancos ou captado no mercado tem um custo conhecido: as taxas de juros cobradas.
Calcular o custo do capital do acionista é mais complicado. G. Bennett Stewart III, sócio sênior da consultoria nova-iorquina, ensina: “Apesar de você não ter que pagar por ele, não pense que é de graça. O custo (do capital próprio) é o que o seu acionista poderia estar ganhando em outro lugar.” Para uma empresa nos Estados Unidos, esse número é calculado partindo-se do pressuposto de que o investidor em ações da Bolsa de Nova York ganha, em geral, seis pontos percentuais a mais do que quem aplica em bônus do governo. Portanto, com as taxas de longo prazo do tesouro americano por volta de 5%, o custo de capital próprio seria de 9% ou mais, dependendo do risco do setor. Se houver dívidas, o custo total é a média ponderada do dois.
“É um conceito básico em economia”, afirma Reginaldo Alexandre, analista de investimentos do banco BBA/Paribas que começou a usar neste ano o EVA em suas projeções. No seu caso, o índice é mais uma referência, sempre cotejado com outras medidas de desempenho como o fluxo de caixa descontado.
Métrica por métrica, José Carlos Guimarães Alcântara, chefe do departamento de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), analisou todas elas. E optou pela metodologia, que ele considera “mais robusta”, do Boston Consulting Group (BCG), concorrente da Stern & Stewart. A BCG trabalha com o retorno total ao acionista (TSR, na sigla em inglês) e o retomo do fluxo de caixa sobre o investimento (CFROI, idem). No Brasil, a BCG, associada à Escola de Admimstração de Empresas da FGV, montou um ranking com o desempenho de 50 empresas em 1997 para difundir o que chama de geração de valor ao acionista-(GVA – e você acha que eles perderiam a oportunidade de criar mais uma sigla?). A Ericsson liderou o ranking, com o retomo de 99% ao investidor, e duas siderúrgicas, Acesita e Cosipa, em último, com – 65%.
A métrica da BCG considera os dividendos pagos e valorização da ação. Por isso, o TSR, retomo total ao acionista, é um índice que facilita a comparação entre o desempenho de diversas empresas. “O investidor sabe se recebeu valor ou não, comparando com o desempenho de outras empresas “, diz Alcântara. “Já o EVA é um valor ab oluto, não dá para comparar.” Briga das siglas à parte, a BCG, da mesma forma que a americana Stern Stewart, coloca ênfase na gestão. “Não adianta ficar só na métrica”, afirma Alcântara. “É preciso haver uma mudança cultural na empresa.”