Apesar da previsão de alta do preço da nafta para os próximos meses, refletindo a valorização do petróleo no mercado internacional, as ações das indústrias petroquímicas continuam atrativas, segundo analistas. Os repasses de preços deverão ser feitos de forma gradativa para não prejudicar a competitividade das empresas no exterior. Além disso, a desregulamentação que o governo prepara para o setor e as perspectivas de crescimento da demanda devem contrabalançar o aumento do custo da principal matéria-prima dessas companhias.
No ano passado, as empresas petroquímicas de l ª e 2ª gerações tiveram mai benefícios que perdas com a desvalorização do real em relação ao dólar. Se por um lado a principal matéria-prima das companhias – o nafta – era em sua maioria importada, por outro, com o dólar custando mais, muitas indústrias consumidoras dos produtos petroquímicos, como as de plástico, brinquedos e automóveis, optaram pelos fornecedores nacionais. Essa política de substituição de importações impulsionou o resultado das petroquímicas no ano passado e deve continuar trazendo benefícios este ano, segundo os analistas do setor. “O preço do produto nacional ainda é inferior ao similar estrangeiro, o que abre espaço para a continuidade do aumento das margens”, diz Reginaldo Alexandre, analista de petroquímicas da corretora BBA Icatu.
A ampliação das margens poderá vir também da desregulamentação do setor. Atualmente previsto para agosto, o fim do monopólio da Petrobras na venda do nafta deve aumentar a competitividade das empresas petroquímicas. A livre negociação entre os pólos brasileiros e os fornecedores externos de nafta possibilitará a redução dos custos com a matéria-prima. Essa análise incorpora um cenário em que o preço do petróleo se estabilize no segundo semestre do ano. Quanto aos repasses da alta do preço do petróleo já ocorrida, a opinião dos analistas é de que eles sejam feitos de forma suave. “O impacto negativo da alta do nafta será menor do que deveria porque a Petrobras não quer que as empresas do setor petroquímico percam competitividade nas exportações”, diz Gregório Mancebo Rodriguez, gerente da área de “corporate” da corretora Socopa. Para completar o cenário positivo, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro previsto para este ano deve refletir diretamente no setor petroquímico. Segundo o analista da BBA lcatu, há uma relação elástica entre as vendas do setor e a renda nacional. “Em algumas empresas essa relação é de 2,5.”
Ou seja, para cada 1 % de crescimento do PIB, o faturamento da empresa aumenta 2,5%. Até agora, no entanto, o desempenho das ações das empresas petroquímicas de 1 ª e 2ª gerações não têm refletido na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) as análises otimistas do mercado. Os papéis de maior liquidez apresentam desvalorização no ano, em alguns casos superior a 10%. Analistas atribuem a queda das cotações a uma realização dos ganhos obtidos com a forte alta das ações do setor no ano passado.
A desvalorização registrada este ano é muito pequena se comparada à alta verificada em alguns papéis em 1999. No acumulado dos últimos doze meses, empresas de 1 ª geração, como Petroquímica União e Copene, mais que triplicaram seus valores de mercado. Na empresas de 2ª geração, as ações de algumas companhias tiveram valorização maior ainda, como é o caso da Polialden, que subiu no período mais de 500%.