Bovespa na mira das empresas

Data Original: 16/07/2007
Postado em: 10 de abril de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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Diário do Comércio - Reportagens

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De janeiro a dezembro de 2006, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou 29 recordes de pontuação. Ainda assim, naquele ano a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) fazia o prognóstico de que o Ibovespa – o índice composto pelas 58 ações mais negociadas – não passaria dos 40 mil pontos. A Bolsa terminou 2006 com uma alta de 32,9% sobre 2005, cravando 44.473 pontos. Na última quinta-feira, a Bovespa fechou, mais uma vez, com seu 29º recorde de pontuação em 2007, aos 57.613 pontos. Na sexta, bateu em 57.644 pontos.

Por trás da velocidade com que os negócios da Bovespa ganham corpo estão as 26 novas empresas que chegaram em 2006 ao mercado de capitais, o maior volume desde os anos 1990, e as 33 que abriram capital neste ano – as chamadas IPOs (Initial Public Offering). Hoje, a Companhia Brasileira de Desenvolvimento Imobiliário Turístico (Inves Tur) entrará nesse rol, elevando para 34 o número de companhias que optaram por se financiar via ações em bolsa.

“O fato de as empresas que estão chegando ao mercado de capitais oferecerem igualdade de direitos aos investidores (a chamada eqüidade), estendendo a todos os acionistas as mesmas condições oferecidas aos controladores, tem atraído um número maior de investidores, em especial o estrangeiro, acostumado, em seu próprio mercado, a lidar com esse direito”, diz o presidente da Abrasca, Antônio de Castro.

Canal –O forte interesse dos investidores de fora é um dos principais sinais positivos apontados por Castro para que a Bolsa continue sendo um bom canal para as empresas obterem recursos. Até o último dia 10, o total de investimentos estrangeiros somou R$ 16,5 bilhões, segundo informações da Bovespa. Também são os estrangeiros que mais têm comprado ações das empresas brasileiras, atraídos pela inserção dessas empresas na governança corporativa: a participação nas ofertas públicas, incluindo as IPOs, já representa 73,4% do total de R$ 22,9 bilhões de operações feitas no mês de julho.

Quem balançou com a notícia da última sexta-feira vinda do banco de investimento Morgan Stanley, que rebaixou a recomendação de empresas brasileiras – saiu do nível “acima da média” para “em linha com a média”, dentro do mercado de emergentes – , com a justificativa de que os ganhos dos papéis brasileiros já teriam chegado a seu limite, pode ouvir a avaliação do sócio da Cypress Associates, especializada no desenvolvimento de projetos de finanças corporativas, Luiz Felipe Alves.

Para o executivo, o movimento de alta na bolsa paulista não é apenas reflexo da inserção do Brasil no mercado globalizado. A aposta de que a bolsa ainda dará bons retornos às empresas está também “na política econômica adotada pelo governo, ainda que o País não tenha atingido a taxa de crescimento que gostaria nem tenha ainda taxas de juros ideais”. Alves lembra que um dos sinais de que o mercado deve sofrer oscilações menores é o fato de estar cada vez mais descolado das notícias ruins, em especial a ligadas à crise política atual.

Para o vice-presidente da Associação dos Analistas Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) em São Paulo, Reginaldo Alexandre, “a grande liquidez do mercado internacional deverá continuar beneficiando o Brasil e, em especial, o mercado de ações”. “A economia mundial deve continuar crescendo a taxas de 5%, mantendo as condições favoráveis para a entrada de empresas na Bolsa”, diz. Outro ponto favorável citado por Alexandre é a baixa volatilidade do Brasil hoje, com o risco-país na casa dos 150 pontos, o que reforça a perspectiva de continuidade da entrada dos recursos estrangeiros no País.

Fora as avaliações feitas pelas agências de risco, ainda não surgiu nenhuma notícia para desestimular o movimento das empresas em direção ao mercado de renda variável, avaliam analistas e economistas ouvidos pelo Diário do Comércio. Para a maioria, o momento ainda é bom para a abertura. A economia está estável, os juros devem cair mais, fechando o ano em torno dos 10%, a inflação está controlada, ampliando a confiança do investidor. As empresas que vão abrir capital na Bolsa, no entanto, “têm de estar cientes de que precisarão prestar contas para também investidores internacionais, cujas exigências são maiores”, diz o executivo da Cypress.

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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