Candidatos a presidência Apimec Nacional

Data Original: 14/11/2012
Postado em: 14 de dezembro de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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Reportagens - Revista RI

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Na segunda quinzena deste mês, no período entre 19 a 29 de novembro de 2012, os associados de todas as regionais da APIMEC – Associação dos Analistas de Investimentos do Mercado de Capitais, votarão para escolher seus representantes na Entidade para os próximos dois anos. Na disputa pela Nacional, concorrem duas chapas: a de Paulo Ângelo Carvalho de Souza, ex-presidente da Apimec MG, junto com Célio Fernando Bezerra de Mello, presidente da Apimec Nordeste; e a de Reginaldo Alexandre, presidente da Apimec SP, junto com Davi Navegantes, atual vice presidente da Apimec Nacional. A seguir, conheça o perfi l dos dois candidatos
a presidência da Apimec Nacional.

A seguir, acompanhe a entrevista concedida pelos candidatos com exclusividade à Revista RI.

RI: Na sua visão, qual é a principal mudança a ser feita na gestão do novo presidente da Apimec Nacional? E, neste sentido, qual seria o melhor modelo de governança para a entidade, considerando tanto a Nacional assim como as Regionais?

Reginaldo Alexandre: Uma relação mais harmônica, integrada e isonômica entre as Regionais e a criação de condições para que a Apimec Nacional possa de fato agir federativamente são bases fundamentais para o aprimoramento da governança e serão as principais metas a serem buscadas por nossa gestão. Proporemos, democraticamente, debates sobre as melhores maneiras e o modelo societário mais adequado para atingir essa unificação de ações e de procedimentos. Isso será necessário para que a Apimec Nacional possa aumentar sua eficiência administrativa; coordenar e padronizar os serviços oferecidos; desenvolver melhores padrões de atendimento, de prestação de contas e de relacionamentos com asso-ciados e stakeholders; priorizar a educação financeira e o desenvolvimento profissional – como é seu papel; participar ativamente e recuperar a liderança na discussão das grandes questões relativas a nosso mercado de capitais; manter e aperfeiçoar os bem-sucedidos programas de certificação e de autorregulação da atividade de analista de valores mobiliários; e, de uma forma geral, marcar e aumentar sua presença institucional.

RI: Tomando como base o encolhimento do nosso mercado, qual deve ser a missão primordial da Apimec?

Reginaldo Alexandre: O encolhimento do mercado brasileiro de capitais – em flagrante contraste com o que ocor-reu, por exemplo, no período de 2003 e 2007 -, está muito relacionado à deflagração da crise financeira internacional em 2008, cujos efeitos se prolongam até hoje. Ainda que o Brasil, de uma forma geral, venha enfrentando relativa-mente bem essa crise, exceto por alguns setores relaciona-dos à evolução da renda pessoal disponível – que continua crescendo -, o mercado como um todo continua padecendo de um ambiente internacional pouco propenso ao risco. Esse quadro é agravado pela falta de uma base local mais representativa de investidores. Desestimulados pela instabilidade, pela ausência de perspectivas claras da economia internacional e pelo fraco desempenho do mercado recentemente, os investidores institucionais e, sobretudo, as pessoas físicas têm se mantido afastados do mercado – em que pesem taxas de juros em recorde histórico de baixa no País. A missão primordial da Apimec nesse ambiente é, de um lado, priorizar a educação, a formação e o desenvolvimento profissionais – para que seus associados e outros interessados possam não apenas estar melhor municiados para enfrentar esses momentos mais difíceis, mas também preparados para melhor aproveitar a recuperação que poderá vir à frente. De outro lado, a Apimec deve zelar pela estabilidade de regras, de forma a minimizar o risco sistêmico do mercado, e trabalhar firmemente pela melhoria da regulação, da legislação e dos padrões de governança – tanto de empresas como de instituições e agentes do mercado; lutar pela expansão da base do mercado, tanto no que se refere ao acesso de empresas como à inclusão de investidores, principalmente pessoas físicas; bem como deve promover e prover, diretamente e através de parcerias, amplo acesso à informação – por meio de reuniões pública de companhias, seminários setoriais, etc.

RI: Qual a estrutura organizacional adequada para a Apimec cumprir sua missão de forma efetiva? E, visando as boas práticas de governança, que alterações devem ser feitas no Estatuto das Apimecs?

Reginaldo Alexandre: A estrutura organizacional adequada para a Apimec cumprir efetivamente sua missão é aquela que lhe permita manter-se unida e coesa em direção ao melhor atendimento possível de seus objetivos sociais. Eventuais alterações estatutárias poderão ser propostas para facilitar o atingimento desse objetivo.

RI: Você está de acordo que as Apimecs SP e Rio tenham o dobro de votos nas decisões em relação às outras Regionais? E, qual a sua posição em relação ao fato da sede da Apimec Nacional não ser itinerante, como foi originalmente planejado?

Reginaldo Alexandre: Vem da origem da Apimec Nacional o fato de as Regionais SP e Rio terem o dobro de votos das demais Regionais em seu Conselho Diretor. As Regionais SP e Rio, por outro lado, sempre tiverem encargos do-brados em relação às outras Regionais para manutenção da Apimec Nacional. Na prática essa disposição de voto duplicado das Regionais SP e Rio tem sido inócua, já que as decisões, de uma forma geral, são tomadas por consenso ou por maioria absoluta, sem apelo ao voto duplo. A situação, portanto, tende a mudar, de forma a adequar a norma àquilo que já é praticado, com o voto de cada Regional sendo considerado individualmente e não por múltiplos. Além disso, entendemos que a diferença de número de associados entre as regionais pode ser suficientemente contemplada pelas eleições diretas para presidência da nacional e pelo número proporcional de delegados nas assembleias gerais. A Apimec Nacional tem atualmente atribuições – Programas de Autorregulação e de Certificação, coordenação de atividades e representação institucional da Apimec Nacional – que requerem um corpo administrativo e técnico estável e de alto nível. Não seria recomendável, portanto, que nem o quadro de pessoal nem o aparato técnico fossem montados e desmontados a cada momento. Isso seria não apenas desaconselhável, mas também contraproducente.

RI: Que tipo de medidas devem ser adotadas para melhorar a atuação da Apimec, principalmente no quesito “Reunião de Empresa” / “Apresentação Apimec”?

Reginaldo Alexandre: As reuniões devem seguir um protocolo padronizado, baseado nos melhores padrões desenvolvidos pela Apimec em sua experiência de mais de 40 anos de realização desses eventos com empresas.

RI: Observa-se, nos últimos 3 anos, de 2010 a 2012, uma expressiva redução do quadro associativo. Que medidas devem ser adotadas para reverter essa situação? E, que ações de comunicação deverão ser feitas visando a atração de novos associados?

Reginaldo Alexandre: O momento ruim do mercado – já estamos entrando no quinto ano consecutivo de crise – tem se constituído em um desestímulo à atração de novos associados. Mesmo assim, as Regionais – em proporções variadas – têm feito esforços bem sucedidos para reter e atrair novos associados, sobretudo através de ampliação do leque dos serviços, principalmente cursos e seminários. Os programas de Certificação e de Autorregulação também têm dado uma contribuição muito positiva à imagem da instituição – inclusive na ponta mais sofisticada do mercado -, contribuindo para trazer de volta esse público – entre outros – para a Apimec.

RI: Como você avalia o Programa de Certificação nesses dois anos em que a APIMEC passou a ser a certificadora? De acordo com dados informados pela Apimec, o programa de certificação não apresentou resultados de acordo com as expectativas iniciais. Neste sentido, o que deve ser alterado para que esse importante Programa de Certificação deslanche, visando qualificar e aumentar o número de analistas e profissionais de investimento?

Reginaldo Alexandre: O Programa de Certificação é bem mais antigo e tem descrito uma trajetória de sucesso já há alguns anos. O que é mais recente é a Autorregulação de Analistas de Investimento, por delegação da CVM. A Autorregulação foi implantada com muito sucesso – sucesso esse reconhecido, aliás, por manifestações do próprio regulador. Voltando agora ao Programa de Certificação, os ciclos de alta e de baixa do mercado têm obviamente uma influência muito grande na evolução das certificações de profissionais de investimento ao longo do tempo. Períodos de alta – como aquele compreendido entre 2003 e 2007 – normalmente trazem aumento significativo do número de profissionais, e vice-versa. Ainda que a crise dos últimos cinco anos tenha causado uma influência negativa na evolução do número de profissionais de investimento, é de se esperar – superadas as fases mais agudas de dificuldade – que a situação melhore nos próximos anos. Essa tendência de melhora poderá ser incrementada pela ampliação de esforços que já vêm sendo feitas para divulgação do Programa de Certificação junto a universidades e profissionais do mercado financeiro em geral. A marca da Certificação – CNPI –, a nosso ver, idealmente, deve se tornar uma distinção desejada por todo profissional do mercado financeiro.

RI: Você não acha que o balanço da Apimec Nacional deveria ser divulgado periodicamente na internet, seguindo a prática de algumas regionais?

Reginaldo Alexandre: Não vejo nenhum problema na divulgação das demonstrações financeiras.

RI: Há uma determinada queixa sobre a “indústria de multas” no Brasil. Na sua avaliação, como deve ser a postura da Apimec na sua função supervisora e fiscalizadora do mercado?

Reginaldo Alexandre: A autorregulação desenvolvida pela Apimec obedece a ritos bem definidos de acompanhamento dos trabalhos elaborados por analistas de investimento, com aconselhamento de um Conselho Consultivo de Analistas formado por profissionais dos mais gabaritados do mercado, sendo os eventuais processos julgados por um Comitê de Supervisão, cuja maioria dos membros é independente. Creio que assim deva continuar, com aprimoramento contínuo de procedimentos, de forma a dar mais garantias ao investidor e contribuir para o fortalecimento da profissão e para o aumento da segurança do mercado como um todo. A conquista da autorregulação foi uma conquista histórica para a Apimec e para a profissão. A autorregulação, juntamente com a certificação, tem trazido de volta profissionais – sobretudo da ponta mais dinâmica do mercado – de volta à órbita da Associação. São esses profissionais, por exemplo, que compõem o Comitê Consultivo de Analistas, que formula sugestões para o aprimoramento constante do processo. Se conquistar a autorregulação foi um marco, perdê-la seria desastroso – especialmente para o profissional de investimento, que perderia a chance de participação ativa na construção do processo no qual a autorregulação se baseia. Se, raciocinando por hipó-tese, a Apimec deixasse de exercer sua função supervisora e fiscalizadora, os eventuais delitos continuariam a ser averiguados, julgados e apenados, não mais por um processo de cuja construção o profissional tenha participado, mas direta-mente pelo regulador ou – o que é mais provável – por outra entidade de mercado. É isso que queremos, é isso que nosso associado deseja? Certamente não: é nosso dever manter e aprimorar a Autorregulação!

RI: Você acredita que falta credibilidade ao mercado de capitais, face aos escândalos detectados, tendo em vista aspectos intervencionistas do Governo, e a independência da CVM? Em que medida a Apimec pode e deve contribuir para que esse mercado seja de fato e de direito o grande aglutinador da poupança de longo prazo?

Reginaldo Alexandre: A Apimec tem sido agente e par-te das profundas transformações pelas quais passou o mercado brasileiro de capitais nos últimos anos. Em que pesem esses avanços, ainda há muito a fazer e aperfeiçoar. Cabe à Apimec manifestar-se sempre – e agir firme e determinadamente – para preservar os avanços já conquistados e seguir à frente em direção a um mercado não só mais amplo – em número de empresas, volumes de negociação, acessibilidade -, mas também mais seguro ao investidor.

RI: E, finalmente, por que você quer ser presidente da Apimec Nacional?

Reginaldo Alexandre: Sempre fui profissional de investimento, tendo sido analista de crédito, analista de in-vestimento, estruturador e chefe de equipes de análise de investimento e também gestor de valores mobiliários, sempre trabalhando em instituições das mais renomadas do mercado, por mais de vinte anos. Nos intervalos dessa trajetória, passei por duas das maiores empresas globais de consultoria. Vinculei-me à Apimec SP – passando sucessivamente pelos cargos de diretor técnico, vice-presidente e presidente -, em meio a minhas outras atribuições profissionais, atraído por sua independência e por julgá-la ser um veículo apropriado para a defesa e o alargamento dos horizontes da profissão em que militava há já tantos anos, assim como para o desenvolvimento do mercado de capitais como um todo. Creio que agora reúna credenciais, com base em minha experiência profissional e meu conhecimento acumulado do mercado brasileiro de capitais, assim como minha experiência como dirigente de uma das Regionais, para ser candidato à Presidência da Apimec Nacional. Não basta, porém, estar bem equipado profissional, técnica e conceitualmente; é preciso possuir trânsito fácil e fluido nas instituições e, sobretudo, ter determinação e condições efetivas para levar a Apimec a enfrentar, com sucesso, os desafios de um mercado crescentemente sofisticado e exigente. Convido então ao leitor que queira conhecer um pouco melhor minhas opiniões a pesquisar meus artigos e entrevistas, que têm sido publicados nos principais veículos de comunicação do País, inclusive a Revista RI. (Ronnie Nogueira)

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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