Demorou, mas parece que finalmente ele chegou. Foi dada a largada para o tradicional rali de fim de ano da Bovespa, diante dos sinais de que governo e oposição nos Estados Unidos estão se entendendo e farão de tudo para evitar o “abismo fiscal”. Os investidores aproveitaram o clima otimista lá fora para ir às compras de commodities e papéis descontados.
O Ibovespa marcou seu terceiro pregão seguido de alta, com ganho de 1,50%, aos 60.460 pontos, maior nível neste trimestre. E finalmente a bolsa passou a ganhar da inflação, com ganho de 6,5% no ano, ante 5% do IPCA, mas ainda perde para a Selic, de 7,25%.
Segundo o analista técnico da Icap Brasil, Raphael Figueredo, o Ibovespa venceu ontem duas importantes resistências seguidas, de 60.200 e 60.400 pontos, consolidando tendência para começar o Ano Novo com pé direito. “Apesar de ter apenas 200 pontos de diferença, cada resistência tem uma importância quanto ao tempo de existência e número de testes”, explica. A próxima parada do Ibovespa está nos 63 mil pontos.
A animação dos investidores começou com a notícia divulgada pelo “The Wall Streetr Journal” de que a Casa Branca teria feito uma contraproposta aos republicanos, elevando de US$ 250 mil para US$ 400 mil a faixa de renda que passaria a pagar mais impostos nos Estados Unidos. O líder republicano John Boehner, no entanto, rejeitou a contraproposta, afirmando que essa oferta não é equilibrada e que é importante defender os contribuintes o máximo possível.
Boehner decidiu desenvolver um “plano B” para evitar o abismo fiscal. O anúncio foi feito em uma reunião privada com os deputados republicanos pela manhã. Por outro lado, o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, disse que a abordagem do plano alternativo é “desequilibrada”.
“Os americanos não têm saída que não seja a aprovação de algum alívio que evite o abismo fiscal total”, diz o sócio da consultoria Proxycon e presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais em São Paulo (Apimec-SP), Reginaldo Alexandre. “Depois de todos os esforços que os bancos centrais mundiais fizeram para impulsionar suas economias, não entrar em acordo em relação ao abismo fiscal seria um tiro no pé.”
Entre as ações mais negociadas por aqui, Vale PNA subiu 1,71% e fechou a R$ 41,00, maior cotação desde 13 de fevereiro (R$ 41,26). O minério de ferro continuou em sua trajetória de alta e alcançou ontem US$ 133,50 por tonelada no mercado chinês, maior valor desde julho, o que impulsionou as ações.
Os analistas do Barclays estão otimistas com os preços do minério em 2013 por conta da recuperação do mercado chinês e do menor crescimento da oferta. “Temos uma visão acima do consenso para o minério de ferro e acreditamos que a Vale é o melhor veículo para se expor a esse ciclo”, aponta o analista Leonardo Correa.
As ações das siderúrgicas de aços planos dispararam: Usiminas PNA (7,50%), Usiminas ON (6,11%) e CSN ON (5,07%). O Instituto Aço Brasil (IABr) informou na segunda-feira que a produção brasileira alcançou 2,8 milhões de toneladas de aço bruto em novembro, aumento de 2,4% ante o mesmo mês de 2011. “Reiteramos nossa visão de que o mercado brasileiro de aços planos deve ver alguma melhora no curto prazo, principalmente por conta de estímulos governamentais e medidas para proteger a indústria nacional das importações”, afirmaram os analistas da BES Securities Catarina Pedrosa e Felipe Machado, em relatório. (Por Téo Takar e Aline Cury Zampieri)