Em todo o conjunto de operações que resultarão na transformação da Brasil Telecom (BRT) na única empresa do grupo Oi listada em bolsa, o que aumenta a desconfiança dos investidores da BRT é o fato de que os controladores já garantiram uma bolada. Os grupos La Fonte e Andrade Gutierrez venderam participações indiretas na TmarPart (por meio de holdings LF Tel e AG Telecom Participações, respectivamente) para a Portugal Telecom, no ano passado. Mas os valores não seguiram as cotações de mercado – AG Telecom nem é listada. Já os aumentos de capital de Tmar e TNL, conduzidos no primeiro semestre para a entrada da Portugal Telecom, foram definidos a partir dos preços de bolsa.
Em fevereiro de 2011, em entrevista à CAPITAL ABERTO, Reginaldo Alexandre, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais em São Paulo (Apimec SP) estimou que os valores das negociações com ações de LF Tel e AG Telecom Participações (um total calculado em R$3,2 bilhões) superaram dez vezes a referência para os preços de mercado de TNL e Tmar.
Na mesma reportagem, a Comissão de Valores Mobiliários (CMV) havia informado, sem detalhar, que analisava a possibilidade de conflito de interesses no voto dos controladores nas assembléias que determinariam os aumentos de capital de Tmar e TNL. Procurada em setembro para falar sobre as incorporações a serem feitas pela Brasil Telecom, a autarquia preferiu não comentar. “As situações em que o acionista fica impedido de votar em decorrência de benefício particular ou conflito de interesses são analisadas em cada caso concreto, levando em conta as características que circundam a operação”, informou a CMV por meio de nota.