Desfecho de eleição nos EUA pode desencadear rali

Data Original: 19/10/2012
Postado em: 22 de novembro de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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Antes do abismo fiscal, as eleições. Para analistas, o Ibovespa deve ter um rali de alívio depois do desfecho das disputas à Presidência nos Estados Unidos, qualquer que seja o vencedor. As chances de um repique mais forte, no entanto, aumentam se o candidato republicano, Mitt Romney, for vitorioso. Até 6 de novembro, data da eleição, a tendência é de negociações mais travadas, sem muita direção.

Os especialistas comentam que a vitória de qualquer um dos candidatos, seja de Romney ou do democrata Barack Obama, libera uma trava natural imposta ao mercado. No curto prazo, como lembra o estrategista do BB Investimentos, Hamilton Moreira Alves, essa é a principal incerteza ligada aos EUA. Com isso, os investidores se retraem naturalmente.

“O que mais mexe com a bolsa é expectativa e choque”, diz Alves. “Recentemente, o índice Dow Jones se aproximou do teto histórico. Agora, precisa de mais dinheiro novo para superar esse patamar, o que pode acontecer com a eliminação de mais um foco de incertezas”, afirma.

O diretor-gerente da consultoria EPFR Global, Brad Durham, também acredita em chances de rali apenas pelo fim da disputa. Segundo ele, investidores menores nos EUA, mais do que todos, têm relutado em participar de mercados de ações, dadas as incertezas sobre quem será o próximo presidente. “O mesmo vale para as empresas americanas que estão sentadas em montes de dinheiro e têm se negado a gastá-los devido à incerteza política.”

Os apoiadores de Romney afirmam que possuem uma receita para um crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB), conta Durham. Os partidários de Obama dizem o mesmo, apesar da taxa de crescimento anêmica dos EUA nos últimos trimestres. “Então, é difícil afirmar qual governo estimularia o crescimento e, portanto, maior demanda por exportações brasileiras mais eficazmente”, comenta.

Além disso, o especialista ressalta que a preferência por Romney não impediu que tanto as bolsas dos EUA quanto a Bovespa subissem nos últimos meses, justamente enquanto as pesquisas sugeriam uma vitória mais provável de Obama. No ano, até ontem, o S&P500 subia 15,88%, enquanto o Ibovespa avançava 5,25%. O Dow Jones acumulou valorização de 10,90%.

Apesar das chances positivas em qualquer caso, no geral, o partido Republicano é visto como mais favorável a mercados financeiros. Para Durham, sob uma administração Republicana, taxas sobre ganhos de capital e dividendos não devem subir, o que é mais provável de acontecer sob um governo Democrata. Uma eventual valorização dos mercados dos EUA, nesse cenário, tende a dar suporte para que o mesmo ocorra no Brasil.

Geoffrey Dennis, estrategista de mercados emergentes globais do Citi, também acredita que as chances de rali serão maiores caso Romney vença. “Uma vitória de Obama já está precificada em todos os mercados. Mas a eleição de Romney deve provocar um rali nos mercados globais, incluindo o Brasil, já que o candidato republicano é mais pró-crescimento e anti-regulação”, afirma.

Com isso, caso Obama vença, os mercados podem passar por uma pausa e esperar por ações ligadas ao abismo fiscal, na visão de Dennis. Se Romney ganhar, as bolsas podem ter um forte rali, mesmo que curto, e o Brasil acompanhará.

Ainda que esteja no meio do caminho, a eleição nos EUA não é vista como fator predominante para ditar os rumos das bolsas até o fim do ano. Para o sócio da consultoria Proxycon e presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais em São Paulo (Apimec-SP), Reginaldo Alexandre, discussões sobre o crescimento da economia daquele país e do abismo fiscal nos EUA são maiores na agenda.

Durham, da EPFR, diz que, em última análise, o destino do mercado brasileiro, como da maioria dos mercados globais, estará mais ligado ao ciclo de crescimento global do que aos resultados das eleições em qualquer país. “Os políticos são capazes de fazer mudanças nas margens, mas são os bancos centrais dos mercados emergentes que têm primado pela recuperação da região.” Segundo ele, alguns estrategistas começam a prever uma dramática recuperação do PIB brasileiro em 2013. “Isso vai ser muito mais importante do que os resultados das eleições nos EUA.”

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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