Dólar alto piora resultado das empresas no semestre

Data Original: 25/07/2001
Postado em: 27 de outubro de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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Estadão - Reportagens

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O mercado, aos poucos, vai  conhecendo o estrago que a alta do dólar provo­cou nos resultados das empresas no primeiro semestre. Uma pré­via com os balanços divulgados até agora mostra queda de 19% no lucro acumulado no período. O ganho líquido total recuou de R$ 2,663 bilhões para R$ 2,154 bilhões na comparação entre os primeiros semestres de 2001 e 2000, consideran­do os números de 12 companhias abertas. A receita líquida e a gera­ção operacional de caixa (Ebitda) melhoraram 13,4% e 12,4%, respectivamente, mas as despesas financeiras líqui­das derrubaram o resultado fi­nal. Agravadas pela disparada do dólar, as perdas financeiras so­maram R$ 1,755 bilhão, com al­ta de 204% frente ao primeiro se­mestre do ano passado. Somente na Companhia V ale do Rio Do­ce, o impacto em 2001 foi de R$ 662,8 milhões, com aumento d e 717,9%.

“Sem o efeito do câmbio, no entanto, houve uma melhora no desempenho operacional”, observou Lika Takahashi, analista-chefe da Fator Doria Atherino. A opinião é compartilhada pelo analista-chefe da ltaú Correto­ra, Reginaldo Alexandre: “Até maio, o mercado esperava ‘cresci­ mento de cerca de 4% e as empresas se beneficiaram desse am­biente.” Ele acrescentou que as exportadoras vêm aumentando as vendas desde o ano passado, com o real mais baixo. O analista dissê ainda que os preços no mer­cado interno foram maiores no primeiro semestre do que em 2000.

Os analistas, porém, não che­gam a um consenso quando o as­sunto é o grau de exposição ao dólar em relação aos anos ante­riores. Para Lika, não houve uma procura maior por hedge (proteção) cambial a partir de 1999, quando uma desvaloriza­ção de mais de 46% no real teve efeito devastador nos balanços. Alexandre, do ltaú, acha que as empresas buscaram hedge, mas a proteção não foi suficiente devido ao aumento do custo. Expectativa – Em relação ao ter­ceiro trimestre, os analistas estimam uma inver­
são do quadro, mas com resulta­dos pouco animadores. Se uma eventual queda do dólar irá ame­nizar a pressão nas dívidas, a cri­se energética e na Argentina, os juros altos e a incerteza política tendem a provocar sérios prejuí­zos. “O resultado operacional e a receita líquida das empresas de­vem cair”, afirmou Marcelo Mes­quita, do UBS Warburg. Alexan­dre, do Itaú, concorda: “Quem atua no mercado interno venderá menos, porque a economia também crescerá menos.”

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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