Empresas resistem à Bolsa

Data Original: 16/05/2007
Postado em: 2 de outubro de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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As grandes empresas de mídia brasileiras permanecem com estruturas fechadas de capital e sob controle familiar. Das sete companhias avaliadas nesta reportagem, apenas três – Net, Vivax (que em breve serão uma só, já que a primeira comprou a segunda no ano passado) e Uol têm ações negociadas em Bolsa. E nenhuma delas é representante da chamada mídia tradicional.
Todos os ensaios recentes nesse campo foram abortados. O Grupo Estado, durante seu projeto de reestruturação (que chegou a afastar a família Mesquita dos postos de decisão), cogitou a idéia, mas não a levou adiante. A Folha, quando se associou à Portugal Telecom, em 2005, também caminhou nessa direção. Uma fusão com o U 01 chegou a ser realizada, mas no fim das contas o provedor foi desmembrado e teve ações lançadas. A Folha permanece como uma sociedade anônima de capital fechado. A Abril chegou a anunciar sua intenção de ir ao mercado, mas o acordo com o grupo sul-africano Naspers, em 2006, fez o plano ser engavetado.
Nos últimos três anos, abrir o capital virou febre entre empresas de diversos setores. O segmento da construção civil, por exemplo, que não tinha sequer u representante listado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) no início da década, hoje possui mais de uma dezena. Desde o início do ano, mais de 30 processos desse tipo já foram oficializados.
Ir à Bolsa é uma forma de levantar capital para investimentos sem ter de depender do bancos. As companhias que se dispõem a isso, porém, precisam observar uma série de regras de gestão e de divulgação de formações – que, afinal, é o negócio principal do setor. Em entrevista publicada no Meio & Mensagem na semana passada, o presidente executivo do Grupo Abril, Giancarlo Civita, relativizou a importância da abertura de capital. “Creio que o leitor de Capricho não se interesse em saber como anda a Abril trimestralmente.”
“O mercado está muito receptivo, as empresas de mídia estão perdendo uma boa oportunidade”, diz o analista de investimentos Reginaldo Alexandre, vice-presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais de São Paulo (Apimec). Ele acredita que a estrutura familiar das companhias impeça o movimento de abertura. “Mas isso é superável. Muitas organizações com esse tipo de gestão estão na Bolsa hoje.”
“Lamento que nenhuma empresa esteja na Bolsa”, diz o consultor Maurizio Mauro, que comandou o processo abortado de lançamento de ações da Abril. “Não vejo uma razão para que as corporações de mídia não caminhem nessa direção. Esse é um processo de desenvolvimento econômico natural.”
Já o consultor Fernando Portella consegue enxergar avanços. “Antes de tudo, fico feliz que a indústria esteja divulgando resultados. Isso nos coloca no mesmo patamar de outros setores”, diz. “Mas a abertura de capital é um passo mandatório. Se você tem transparência, performance, credibilidade, por que não fazer o lançamento de ações ” . Quem sabe se já não estivessem sob o escrutínio de investidores os investimentos realizados nos anos 90 não tivessem ocorrido com mais cautela
(JPN)

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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