Especial: Siderurgia e Mineração lideram o Ibovespa entre 2002 e 2006

Data Original: 29/03/2006
Postado em: 28 de outubro de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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Estadão - Reportagens

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Os setores que mais contribuíram para a forte alta do Ibovespa entre os anos eleitorais de 2002 e 2006 foram o siderúrgico e o de mineração. Na comparação entre os dias 20 de março de cada período, 11 das 20 ações que mais subiram eram desses segmentos, com destaque para Metalúrgica Gerdau (1.189%), Usiminas PNA (1.074%) e Caemi (1.005%). O principal índice da Bolsa paulista teve ganho de 170% no intervalo.

Na relação entre 16 de outubro de 2002, no piso da Bovespa naquele ano, e 20 de março último,estes segmentos dividem espaço com os bancos. Bradesco ON subiu 946%, Unibanco Unit teve ganho de 779% e Banco do Brasil valorizou 744%. A pesquisa, com base em números da Economática, inclui os 90 papéis com maior liquidez. A alta do Ibovespa nesse período foi de 354,6%.

Para os especialistas, a valorização das siderúrgicas e mineradoras ilustra bem o tipo de impulso que ditou a Bovespa nesses anos. O crescimento das economias da China e da Índia puxou a demanda por produtos básicos, e suas cotações dispararam. “2003 e 2004 foram dois períodos fantásticos para as empresas que comercializam commodities, que vinham de um clima global recessivo”, disseValmir Celestino, superintendente da Safra Asset Management.

O gestor da Advalorem Reginaldo Alexandre lembra que estas companhias passaram por um forte processo de desalavancagem. “As ações caíram bem antes desse período, e um dos motivos foi a secura de crédito anterior, quando não conseguiam sequer rolar suas dívidas.”

Já os bancos se beneficiaram do “melhor dos mundos”, nas palavras de Lika Takahashi, analista-chefe da Fator Corretora: expansão do crédito e juros altos. Vale lembrar que, da mesma maneira que no caso das siderúrgicas, a base de comparação é baixa. Os bancos estão entre os setores mais afetados em Bolsa pelo estresse eleitoral de 2002 – então o espaço para recuperação era maior.

Numa visão geral, a maior alta do Ibovespa nos dois períodos analisados ficou por conta de Lojas Americanas, com valorização superior a 2.000%. Para Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da Planner Corretora, os papéis tiveram ajuda de recompras promovidas por seus controladores, do grupo GP Investimentos. Além disso, Alexandre, da Advalorem, conta que o crescimento da economia local verificado sempre privilegia os segmentos de consumo.

Na outra ponta desse levantamento, os dois setores mais vendidos entre 2002 e 2006 foram os de telefonia e energia elétrica. As ações se misturam na comparação março/março, período no qual o Ibovespa subiu 170%. Caíram papéis como Light (-58%), Embratel ON (-37%) e PN (-34,5%), Telesp Celular (-25,5%) e Brasil Telecom operadora PN (-2,1%). Copel e Eletrobrás subiram, mas pouco (22,5% e 23,7%, respectivamente, nas ON).

Já na relação outubro/março, quando a Bolsa subiu 354,6%, apenas Bombril PN fechou no negativo (-15,1%), mas as performances mais fracas ficaram novamente com as teles: Brasil Telecom Participações PN (+14,1%), Telesp Celular (+60%), Telemar Norte Leste (+111,9%), Tele Leste (117,3%) e Telemar PN (132,5%).

Em geral, os analistas dizem que as teles foram prejudicadas por uma perda de atratividade do setor em nível global. “Houve uma reavaliação mundial e já não se aposta mais na possibilidade de crescimento exponencial, vislumbrada anteriormente. Além disso, a concorrência e a atualização com novas tecnologias prejudicam as margens”, disse Alexandre.

Lika, da Fator, lembra que no exterior houve muito investimento em tecnologias, como a 3G, que só agora estão surtindo algum efeito. No Brasil, as empresas também tiveram de fazer grandes aportes para cumprir as metas de universalização. As indecisões locais sobre o índice de correção de preços ainda afetaram o desempenho das ações de telecomunicações e, além disso, o segmento é famoso por conflitos societários e por um tratamento aos minoritários que não atende aos melhores requisitos de governança corporativa.

Quanto às elétricas, a lenta recuperação após os problemas com o apagão foi o motivo mais comentado.

(Aline Cury Zampieri)

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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