Especialistas apostam na recuperação da siderurgia

Data Original: 05/11/1999
Postado em: 29 de setembro de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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Estadão - Reportagens

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A alta dos preços no exte­rior e a tão esperada recuperação da economia brasileira são apontadas pelo merca­do como dois dos principais fato­res que devem impulsionar o se­tor siderúrgico brasileiro. As pre­visões otimistas estão fazendo com que os analistas especializa­dos na área apostem em ações de empresas como Cosipa, Gerdau e Usiminas.

Para Reginaldo Alexandre do BBA Icatu, a desvalorização da moeda brasileira acabou resultan­do numa substituição de importa­ções, com o conseqüente aqueci­mento do mercado local e aumen­to da competitividade das compa­nhias. Um exem­plo seria o consu­mo de aço impor­tado pela indús­tria, que passou de 7% à época em que o real estava sobrevalorizado, para 2% em julho de 98, quando a cotação da moeda nacional já vi­nha registrando queda. Um dos maiores problemas do setor, o aumento das dívidas em dólar após a mudança no câm­bio, é considerado circunstancial por Alexandre. Na sua opinião, o quadro deverá ser revertido as­sim que o câmbio se estabilizar. Para o analista da Corretora Fator Doria, Atherino Daniel Bal­dio, o maior entrave ao desenvol­vimento da siderurgia nacional, além do endividamento, é o im­passe quanto à reestruturação do setor. Segundo ele, após as privati­zações, as empresas ficaram com participações cruzadas, o que difi­culta a política de administração das companhias e desestimula a entrada de sócios estratégicos. Ele defende uma resolução rápi­da para que as empresas possam aprimorar suas estruturas organi­zacionais. O analista diz ainda que, ao se­rem vendidas a controladores pri­vados, as companhias acabaram realizando elevados investimen­tos para aumentar a competitivi­dade, apresentaram lentidão nos processos de decisão estratégica, foram muito agressivas nas políti­cas de aquisição e diversificação, e ainda tentaram recuperar o in­vestimento inicial de maneira rá­pida, realizando o pagamento de elevados dividendos. Na opinião de Baldio, a recuperação da de­manda por aço no Brasil é essen­cial para que as empresas possam produzir caixa suficiente e resol­ver suas situações financeiras. A analista do Banco Boavista, Carolina Gava, aposta na recupe­ração da economia nacional para a revitalização da siderurgia. Se­gundo ela, a correlação entre o comportamento do Produto Inter­no Bruto (PIB) e os resultados das empresas do setor é bastante forte. Para Carolina, a reestruturação das empresas siderúrgicas ainda é uma incógnita. Um novo modelo, livre de participa­ções cruzadas, se­ria a solução para a falta de flui­dez de informações e do conflito de interesses dos empresários da área. A perspectiva de valorização para as ações do setor na esteira da retomada econômica está refle­tida na bolsa. Os papéis do setor siderúrgico estão entre as maio­res altas este ano. Companhia Si­derúrgica Tubarão (CST) PN re­gistrou alta de 258,7% em 99, an­te uma queda de 65,19% em 98. CSN ON subiu 104,63% em 99 e Usiminas PNA, 177,15%. Os da­dos, acumulados até o dia 3 de no­vembro, são da Economática.

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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