A alta dos preços no exterior e a tão esperada recuperação da economia brasileira são apontadas pelo mercado como dois dos principais fatores que devem impulsionar o setor siderúrgico brasileiro. As previsões otimistas estão fazendo com que os analistas especializados na área apostem em ações de empresas como Cosipa, Gerdau e Usiminas.
Para Reginaldo Alexandre do BBA Icatu, a desvalorização da moeda brasileira acabou resultando numa substituição de importações, com o conseqüente aquecimento do mercado local e aumento da competitividade das companhias. Um exemplo seria o consumo de aço importado pela indústria, que passou de 7% à época em que o real estava sobrevalorizado, para 2% em julho de 98, quando a cotação da moeda nacional já vinha registrando queda. Um dos maiores problemas do setor, o aumento das dívidas em dólar após a mudança no câmbio, é considerado circunstancial por Alexandre. Na sua opinião, o quadro deverá ser revertido assim que o câmbio se estabilizar. Para o analista da Corretora Fator Doria, Atherino Daniel Baldio, o maior entrave ao desenvolvimento da siderurgia nacional, além do endividamento, é o impasse quanto à reestruturação do setor. Segundo ele, após as privatizações, as empresas ficaram com participações cruzadas, o que dificulta a política de administração das companhias e desestimula a entrada de sócios estratégicos. Ele defende uma resolução rápida para que as empresas possam aprimorar suas estruturas organizacionais. O analista diz ainda que, ao serem vendidas a controladores privados, as companhias acabaram realizando elevados investimentos para aumentar a competitividade, apresentaram lentidão nos processos de decisão estratégica, foram muito agressivas nas políticas de aquisição e diversificação, e ainda tentaram recuperar o investimento inicial de maneira rápida, realizando o pagamento de elevados dividendos. Na opinião de Baldio, a recuperação da demanda por aço no Brasil é essencial para que as empresas possam produzir caixa suficiente e resolver suas situações financeiras. A analista do Banco Boavista, Carolina Gava, aposta na recuperação da economia nacional para a revitalização da siderurgia. Segundo ela, a correlação entre o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) e os resultados das empresas do setor é bastante forte. Para Carolina, a reestruturação das empresas siderúrgicas ainda é uma incógnita. Um novo modelo, livre de participações cruzadas, seria a solução para a falta de fluidez de informações e do conflito de interesses dos empresários da área. A perspectiva de valorização para as ações do setor na esteira da retomada econômica está refletida na bolsa. Os papéis do setor siderúrgico estão entre as maiores altas este ano. Companhia Siderúrgica Tubarão (CST) PN registrou alta de 258,7% em 99, ante uma queda de 65,19% em 98. CSN ON subiu 104,63% em 99 e Usiminas PNA, 177,15%. Os dados, acumulados até o dia 3 de novembro, são da Economática.