Estrangeiro traz R$ 11,6 bi para a bolsa

Data Original: 09/12/2013
Postado em: 17 de dezembro de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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Reportagens - Valor Econômico

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Apesar da queda do Ibovespa, 2013 deve terminar como o segundo melhor ano em ingresso de capital estrangeiro na Bovespa em duas décadas. No ano, até 4 de dezembro, o investidor estrangeiro registrava entrada líquida de R$ 11,6 bilhões. O saldo é o segundo maior desde 1994 e perde apenas para 2009, quando o número foi positivo em R$ 20,5 bilhões. No ano passado, a entrada líquida foi de apenas R$ 1,8 bilhão. O principal índice da Bovespa recuava 16,4% no ano, até sexta-feira.

Uma lista de fatores leva a esse quadro positivo no fluxo externo: o aumento do volume negociado pela bolsa, perspectivas em relação ao afrouxamento monetário dos Estados Unidos, operações com o mercado futuro e ainda a escolha, por estrangeiros, de papéis de menor peso ou que não integram o principal índice do mercado, o Ibovespa, que cai cerca de 16% no ano.

“Em primeiro lugar, o volume financeiro negociado na Bovespa vem aumentando a cada ano”, diz o presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) e sócio da Proxycon, Reginaldo Alexandre. O giro médio diário, que em 1994 era de R$ 247,3 milhões, disparou a R$ 7,502 bilhões em 2013, o que traz naturalmente mais dinheiro para o país.

Alexandre também lembra que, em 2013, os investidores estrangeiros fizeram muitas operações de “cash and carry”, ou seja, compraram ações no mercado à vista e apostaram na venda do Ibovespa futuro, acreditando em queda da bolsa. Essas operações foram muito fortes e resultaram em aumentos fortíssimos de aluguel de determinados papéis, sobretudo na época em que OGX, à beira da recuperação judicial, ainda fazia parte do índice. Essas operações fizeram com que o Ibovespa futuro negociasse abaixo do à vista por alguns meses.

Um outro motivo foi o tipo de seleção de ações feito pelos gestores internacionais. Em um ano de muitos ruídos ligados a papéis de maior peso no Ibovespa, os investidores partiram para papéis com maior potencial de ganho, mas de menor representatividade no índice, ou até de fora dele, conta Sérgio Goldman, sócio da Maximizar Gestão de Patrimônio.

No Ibovespa, as maiores altas do ano são de papéis de menor peso no Ibovespa. Kroton ON lidera, com alta de 70,9% até 6 de dezembro, seguida por Braskem PNA (64,4%), TIM Participações ON (48,2%), Cielo ON (43,7%) e JBS ON (31,1%). Nenhum desses papéis chega a ter 2% de fatia no Ibovespa. O mais representativo é Cielo, com peso de 1,86%. Já as blue chips amargam perdas. Petrobras ON cai 16,2%, Vale PNA perde 14,7%, Vale ON cai 11,3% e Petrobras PN recua 8,21%. Juntas, essas ações representam nada menos que 22,5% do índice. “Apesar da visão do estrangeiro não estar totalmente positiva para o Brasil, o mercado é muito grande, e permite aplicações em diversas ações, mesmo na segunda linha”, diz Goldman.

Ele lembra ainda que o fluxo de capital externo em 2013 começou a melhorar em julho, quando o Ibovespa iniciou um processo de recuperação, sustentado até outubro. “Os investidores se voltaram para o Brasil quando no mercado externo começou-se a falar em adiamento do corte de estímulos monetários nos Estados Unidos”, afirma. Em julho, o saldo anual de capital externo estava em R$ 4,284 bilhões e registrou altas seguidas até dezembro. “Neste momento, a busca por mais risco beneficiou os volumes para os mercados emergentes, que se aproveitaram de uma correlação positiva com os mercados centrais”, diz. Ou seja, o Brasil aproveitou o rescaldo de um momento melhor de liquidez no mundo.

Em 2009, o melhor ano em duas décadas, Alexandre, da Apimec, lembra que o mercado passava por um bom momento, e as expectativas para a economia brasileira eram boas. Naquele ano, o Ibovespa registrou avanço de 82,6%.

O índice encerrou a sexta-feira em alta de 0,31%, para 50.944 pontos, seguindo bom humor internacional. Petrobras voltou a cair e fechou em baixa de 2,26%. (Por Aline Cury Zampieri)

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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