O Banco de Negócios Cainvest, uma butique de investimentos, criou neste ano um fundo de investimentos offshore para comprar e vender papéis de dívida externa de empresas brasileiras no mercado primário e secundário, o primeiro especializado nesses papéis que se tem notícia na história. Outros já estão por vir, apurou o Valor.
O fundo investe em papéis de maior risco, a chamada segunda linha. “Empresas de primeira linha são de mais fácil avaliação, mas também os ganhos são menores”, afirma Charles Aboulafia, um dos sócios da butique de investimentos.
Ex-Lehman Brothers, Aboulafia diz que chegou a observar verdadeiras pechinchas na crise de 2008, quando papéis de empresas brasileiras consideradas muito promissoras chegaram a ser negociados a 50% do valor de face ou menos. Ele disse que quem conseguiu comprar esses títulos na bacia das almas ganhou dinheiro com a alta posterior. “Percebemos aí um nicho de mercado bem específico, mas não aproveitado, e resolvemos entrar”, afirmou Aboulafia.
O fundo, que conta atualmente com US$ 40 milhões, está aberta para captação de investidores estrangeiros, explica Aboulafia. O investimento mínimo necessário é US$ 100 mil, afirma ele. O fundo começou a operar em fevereiro último e acumula até o final de agosto um rendimento de 6,5% em dólar, explica. “Nesse mercado de segunda linha, a liquidez continua apertada”, diz.
No comitê de crédito do fundo que decide quais títulos comprar estão Reginaldo Alexandre, presidente da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), e Paulo Vasconcelos, professor do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
O Cainvest nasceu para aproveitar nichos específicos no mercado externo e também no mercado interno. “Temos um fundo que vive para dar liquidez no mercado secundário de fundos de hedge, feito em sociedade com o Banco Português de Investimentos (BPI)”, conta. Esse fundo, que não está aberto para captação, tem um total de US$ 7 milhões em recursos, diz Aboulafia.
O Cainvest também presta assessoria a empresas que querem entrar na Bovespa Mais em parceria com a BDO Trevisan e com o escritório de advogados Pinheiro Neto. Segundo Aboulafia, um sócio fundamental para a criação do banco Cainvest foi seu avô, Charles Cohab.(C.P.L.)