Ideia do conceito é antiga

Data Original: 15/12/1998
Postado em: 6 de novembro de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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Gazeta Mercantil - Reportagens

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O conceito de valor econômico não é uma idéia nova, tirada da cartola pelos sócios da Stern & Stewart que tiveram o bom senso de patenteá-la com o nome de EVA. Ele está nos livros clássicos de economia e todo administrador procura, mesmo que instintiva­mente, gerar um retomo superior ao custo de oportunidade do capi­tal. O que a americana Stern & Stewart fez foi criar um sistema de gestão com base num cálculo apa­rentemente simples, que os econo­mistas já conheciam como lucro residual, aquele ganho que sobra depois de descontado uma taxa mínima de retorno sobre o capital investido. O dinheiro de bancos ou capta­do no mercado tem um custo co­nhecido: as taxas de juros cobra­das.

Calcular o custo do capital do acionista é mais complicado. G. Bennett Stewart III, sócio sênior da consultoria nova-iorquina, en­sina: “Apesar de você não ter que pagar por ele, não pense que é de graça. O custo (do capital próprio) é o que o seu acionista poderia es­tar ganhando em outro lugar.” Para uma empresa nos Estados Unidos, esse número é calculado partindo-se do pressuposto de que o investidor em ações da Bolsa de Nova York ganha, em geral, seis pontos percentuais a mais do que quem aplica em bônus do governo. Portanto, com as taxas de longo prazo do tesouro americano por volta de 5%, o custo de capital próprio seria de 9% ou mais, de­pendendo do risco do setor. Se houver dívidas, o custo total é a média ponderada do dois.

“É um conceito básico em eco­nomia”, afirma Reginaldo Alexan­dre, analista de investimentos do banco BBA/Paribas que começou a usar neste ano o EVA em suas projeções. No seu caso, o índice é mais uma referência, sempre cote­jado com outras medidas de de­sempenho como o fluxo de caixa descontado.

Métrica por métrica, José Car­los Guimarães Alcântara, chefe do departamento de finanças da Fun­dação Getúlio Vargas (FGV), ana­lisou todas elas. E optou pela me­todologia, que ele considera “mais robusta”, do Boston Consulting Group (BCG), concorrente da Stern & Stewart. A BCG trabalha com o retorno total ao acionista (TSR, na sigla em inglês) e o retomo do fluxo de caixa sobre o investimento (CFROI, idem). No Brasil, a BCG, associada à Escola de Admimstra­ção de Empresas da FGV, montou um ranking com o desempenho de 50 empresas em 1997 para difun­dir o que chama de geração de va­lor ao acionista-(GVA – e você acha que eles perderiam a oportu­nidade de criar mais uma sigla?). A Ericsson liderou o ranking, com o retomo de 99% ao investidor, e duas siderúrgicas, Acesita e Cosi­pa, em último, com – 65%.

A métrica da BCG considera os dividendos pagos e valorização da ação. Por isso, o TSR, retomo total ao acionista, é um índice que fa­cilita a comparação entre o desem­penho de diversas empresas. “O investidor sabe se recebeu valor ou não, comparando com o desem­penho de outras empresas “, diz Alcântara. “Já o EVA é um valor ab oluto, não dá para comparar.” Briga das siglas à parte, a BCG, da mesma forma que a americana Stern Stewart, coloca ênfase na gestão. “Não adianta ficar só na métrica”, afirma Alcântara. “É preciso haver uma mudança cultu­ral na empresa.”

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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