Inovação ajuda desempenho de ações em bolsa, diz estudo

Postado em: 21 de janeiro de 2015 por: Reginaldo Alexandre
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Investir em inovação pode ajudar a melhorar o desempenho da ação de uma empresa em bolsa. Estudo feito pela Innoscience, consultoria em inovação e estratégia, mostra que companhias inovadoras tiveram, de 2009 a 2014, uma rentabilidade de 178,8%, ante valorização de 33,17% do Ibovespa.

O Índice de Inovação Innoscience foi desenvolvido para acompanhar o desempenho das empresas mais inovadoras do Brasil. É constituído por uma carteira de 20 empresas que foram classificadas como as mais inovadoras do país a partir de rankings divulgados pelas seguintes publicações de gestão de negócios: Forbes, Fast Co, Amanhã e Época.

As companhias que compõe atualmente o chamado “3i” são ALL, AmBev, Bematech, Braskem, Coelce, CPFL Energia, Fleury, Grendene, Karsten, BRF, Magazine Luiza, Marcopolo, Portobello, Positivo, Randon, Renner, Tecnisa, Vale, Weg e Whirpool. Para as empresas que possuem ações ordinárias e preferenciais, foi feita uma média entre os dois valores. A atualização da carteira é realizada anualmente e companhias que estão em mais de um ranking têm peso dobrado na composição da carteira.

O sócio-fundador da Innoscience, Felipe Ost Scherer, diz que a inovação auxilia na competitividade e na imagem de uma empresa. Segundo ele, há quatro grandes motivadores para o desenvolvimento da inovação em uma empresa. O primeiro deles é o consumidor, que deseja produtos novos, desenvolve novas necessidades e demanda essas novidades das empresas. Os desafios internos, como produtividade, redução de custos e qualidade, são outro fator. Cenários macroeconômicos desafiadores também impelem companhias a inovar. A concorrência é outro fator que impulsiona a inovação.

Apesar do desempenho desde 2009, o ano de 2014 foi o primeiro no qual o índice de empresas inovadoras teve queda maior que a do Ibovespa. A carteira teve desvalorização de 15,49%, ante queda de 2,91% do principal indicador da bolsa. Os melhores desempenhos no ano foram dos papéis da BRF (29,9%), Lojas Renner (25,4%) e Bematech (3,0%). Os destaques negativos ficaram com Randon (-63,9%), Tecnisa (-57,0%) e Karsten (-55,6%).

O sócio da Proxycon e presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) Nacional, Reginaldo Alexandre, diz que a inovação não é fator determinante para o desempenho das ações e dificilmente tem resultado de curto prazo. Mas ele afirma que, no processo de avaliação sistemática de longo prazo de ações, os analistas incluem a inovação nos cálculos e ela traz sim resultado para as empresas. “A inovação, não só de produtos, mas de processos, é capturada nas projeções dos analistas no fluxo de caixa futuro das companhias”, diz.

Segundo ele, a inovação reduz os riscos associados aos negócios e uma empresa reconhecidamente inovadora pode ser vista como defensiva no mercado financeiro, já que tende a oferecer proteção em momentos difíceis.

No caso de várias empresas da lista da Innoscience, fatores alheios à inovação pressionaram os negócios em 2014. Randon, por exemplo, teve o preço-alvo das ações rebaixado pelo Credit Suisse em novembro, com expectativa de um 2015 fraco para a indústria de veículos pesados.

A Tecnisa é outro caso de empresa cujo setor não está passando pelo melhor momento. A expectativa é de que o mercado de incorporação de imóveis brasileiro encolha em 2015, comparado com os resultados do ano passado. Já no caso da Karsten, o setor têxtil no Sul do país concedeu, no fim de 2014, férias mais longas aos funcionários, para reequilibrar estoques.

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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