‘Insider trading’ afasta investidores estrangeiros do Brasil, apontam entidades

Postado em: 2 de junho de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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O “insider trading”, uso de informação privilegiada com origem de dentro da empresa para negociar ações e obter vantagens indevidas, é uma marca negativa do mercado acionário brasileiro, que afasta investidores internacionais. Este é o diagnóstico de diversas entidades representantes do mercado de capitais local, que lançaram ontem, em evento em São Paulo, uma campanha contra a prática.

A pedra fundamental da campanha é um “Guia de Combate ao Insider Trading”, elaborado em conjunto por um grupo de trabalho formado por entidades como Abrasca, Amec, Apimec, Ibri, Anbima, IBGC, além da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da BM&FBovespa. Segundo o presidente da CVM, Leonardo Pereira, o fato de o “insider trading” ser recorrente no Brasil é uma crítica constante de investidores estrangeiros, opinião compartilhada por Reginaldo Alexandre, presidente da Apimec, entidade que representa analistas de mercado.

“Corre à boca pequena, entre investidores estrangeiros, que isso [o insider trading] é uma praga disseminada no nosso mercado. Eles nos colocam próximos a mercados pouco reputados”, afirmou Alexandre. “Precisamos urgentemente tirar essa mácula da nossa reputação”, completou. Para a Abrasca, entidade que representa as companhias de capital aberto, o insider trading, ao afastar potenciais investidores, reduz a disponibilidade de recursos no mercado brasileiro.

“A prática requer toda vigilância, pois além de causar dano patrimonial aos investidores, afeta a credibilidade do mercado, gerando perdas à economia do país”, disse o vice-­presidente da Abrasca, Alfried Plöger. Na opinião de Plöger, as principais prejudicadas pelo insider trading são as companhias abertas. “As empresas sofrem as consequências de um mercado ineficiente, na medida em que investidores, ao se afastarem, tornam os recursos disponíveis mais escassos e reduzem o valor de mercado das empresas”, completou.

O aumento da credibilidade dos procedimentos no mercado brasileiro deve contribuir para a volta do investimento estrangeiro, fundamental para recuperação da economia brasileira, segundo o presidente da diretoria do Ibri, Edmar Lopes. A entidade representa os profissionais de relações com investidores (RI). A Amec, representante dos investidores minoritários, foi mais dura, ao cobrar da CVM mais julgamentos em processos de insider trading. “Os termos de compromisso têm sido em grande monta, isso tem impedido a criação de uma jurisprudência em casos variados”, afirmou Guilherme Vicente, vice­presidente da Amec. A entidade reivindicou penas e multas mais severas. “Nas poucas ações levadas ao Ministério Público, a pena é muito curta e sempre acaba sendo trocada por prestação de serviço”, observou.

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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