Papeis das petroquímicas ainda são atraentes

Data Original: 14/03/2000
Postado em: 14 de novembro de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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Gazeta Mercantil - Reportagens

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Apesar da previsão de alta do pre­ço da nafta para os próximos meses, refletindo a valorização do petróleo no mercado internacional, as ações das indústrias petroquímicas conti­nuam atrativas, segundo analistas. Os repasses de preços deverão ser feitos de forma gradativa para não prejudicar a competitividade das empresas no exterior. Além disso, a desregulamentação que o governo prepara para o setor e as perspecti­vas de crescimento da demanda de­vem contrabalançar o aumento do custo da principal matéria-prima dessas companhias.

No ano passado, as empresas pe­troquímicas de l ª e 2ª gerações tive­ram mai benefícios que perdas com a desvalorização do real em relação ao dólar. Se por um lado a principal matéria-prima das companhias – o nafta – era em sua maioria impor­tada, por outro, com o dólar custan­do mais, muitas indústrias consumi­doras dos produtos petroquímicos, como as de plástico, brinquedos e automóveis, optaram pelos fornece­dores nacionais. Essa política de substituição de importações impulsionou o resulta­do das petroquímicas no ano passa­do e deve continuar trazendo bene­fícios este ano, segundo os analistas do setor. “O preço do produto nacio­nal ainda é inferior ao similar estrangeiro, o que abre espaço para a continuidade do aumento das mar­gens”, diz Reginaldo Alexandre, analista de petroquímicas da corre­tora BBA Icatu.

A ampliação das margens poderá vir também da desregulamentação do setor. Atualmente previsto para agosto, o fim do monopólio da Pe­trobras na venda do nafta deve au­mentar a competitividade das em­presas petroquímicas. A livre negociação entre os pólos brasileiros e os fornecedores exter­nos de nafta possibilitará a redução dos custos com a matéria-prima. Es­sa análise incorpora um cenário em que o preço do petróleo se estabilize no segundo semestre do ano. Quanto aos repasses da alta do preço do petróleo já ocorrida, a opi­nião dos analistas é de que eles se­jam feitos de forma suave. “O impacto negativo da alta do nafta será menor do que deveria por­que a Petrobras não quer que as em­presas do setor petroquímico per­cam competitividade nas exporta­ções”, diz Gregório Mancebo Rodriguez, gerente da área de “cor­porate” da corretora Socopa. Para completar o cenário positi­vo, o crescimento do Produto Inter­no Bruto (PIB) brasileiro previsto para este ano deve refletir direta­mente no setor petroquímico. Se­gundo o analista da BBA lcatu, há uma relação elástica entre as vendas do setor e a renda nacional. “Em al­gumas empresas essa relação é de 2,5.”

Ou seja, para cada 1 % de cres­cimento do PIB, o faturamento da empresa aumenta 2,5%. Até agora, no entanto, o desem­penho das ações das empresas petro­químicas de 1 ª e 2ª gerações não têm refletido na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) as análises otimis­tas do mercado. Os papéis de maior liquidez apresentam desvalorização no ano, em alguns casos superior a 10%. Analistas atribuem a queda das cotações a uma realização dos ganhos obtidos com a forte alta das ações do setor no ano passado.

A desvalorização registrada este ano é muito pequena se comparada à alta verificada em alguns papéis em 1999. No acumulado dos últimos doze meses, empresas de 1 ª geração, como Petroquímica União e Cope­ne, mais que triplicaram seus valo­res de mercado. Na empresas de 2ª geração, as ações de algumas companhias tive­ram valorização maior ainda, como é o caso da Polialden, que subiu no período mais de 500%.

 

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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