Para analistas, Petrobras é a única empresa protegida

Data Original: 13/09/2001
Postado em: 27 de outubro de 2016 por: Reginaldo Alexandre
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Estadão - Reportagens

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A manutenção da alta do pe­tróleo, após os ataques ocorridos nos Estados Uni­dos, pode fazer com que a Petro­bras fique entre as poucas empre­sas protegidas no Brasil, no caso de crise mundial. Esse é o único consenso de analistas de mercado neste momento, quando o assunto é a avaliação das conseqüências dos ataques a prédios comerciais e do governo americano. Questionados sobre os efeitos desse episódio nas companhias brasi­leiras, todos os es­pecialistas adota­ram muita cautela e ressaltaram que seus comentários são pre ·minares. São inúmeros os cenários projeta­dos, que vão desde um impacto emocional momentâneo dos mercados até tyna eventual guerra.

“E cedo para avaliar. Todos es­tão atentos ao comportamento do risco Brasil. das taxas de câm­bio, enfim, de como esse fato irá afetar a economia global”, disse o analista-chefe da ltaú Corretora, Reginaldo Alexandre. Na opi­nião de Alexandre, as conseqüên­cias da tragédia podem se mos­trar mais políticas do que econô­micas. Caso a situação caminhe para uma crise econômica mun­dial, “não haverá alteração no curso dos problemas que já vi­nham ocorrendo”, acredita.

No caso de Petrobrás, o analis­ta-chefe do Banco Pactuai, Ricar­do Kobayashi, lembra duas condi­ções para que a estatal, pelo menos, não sofra tanto quanto outras empresas. “A alta do petróleo de­ve se manter no médio prazo, e o governo não pode mudar as re­gras de remuneração da Petro­brás pelo produto vendido.” Para Alexandre, as compa­nhias cujas receitas estão voltadas para o mercado interno podem, num primeiro momento, encon­trar uma espécie de proteção em relação a uma crise externa. No longo prazo, entretanto, seriam afetadas indiretamente. Nesse ce­nário estariam empresas de ener­gia, alimentos, consumo e varejo. O analista lembrou ainda que os bancos não devem ser prejudi­cados numa eventual crise glo­bal. “Eles já mostraram que sa­bem se defender bem de quadros adversos.”

As em­presas exportado­ras também po­dem ter benefí­cios, caso o câm­bio se mantenha em patamares ele­vados. “Em nos­sas projeções, o dólar tem um no­vo piso, que é de R$ 2,60”, comen­tou a analista-chefe da Fator Do­ria Atherino Corretora, Lika Takahashi. Ela afirma, entretan­to, que o ganho com o câmbio po­de ter o contraponto da queda nos preços das commodities. Kobayashi acredita que a Em­braer também vai sentir os efei­tos nocivos da tragédia nos Es­tados Unidos no curto prazo. “Ela pode ser prejudicada com o impacto nas companhias aé­reas americanas, que reduzi­riam encomendas.”

Sobre

Economista, com vinte anos de experiência na área de análise de investimentos, como analista, coordenador, organizador e diretor de equipes de análise, tendo ocupado essas posições, sucessivamente, no Citibank, Unibanco, BBA/Paribas, BBA (atual Itaú-BBA) e Itaú Corretora de Valores. Atuou ainda como analista de crédito corporativo (Citibank) e como consultor nas áreas de estratégia (Accenture) e de corporate finance (Deloitte). Hoje, atua na ProxyCon Consultoria Empresarial, empresa que se dedica às atividades de assessoria e prestação de serviços nas áreas de mercado de capitais, finanças e governança corporativa.

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